sexta-feira, 16 de maio de 2008

Tema do Mês: Westerns Subestimados

Como tema do mês, a equipe do 8 Angry Men escolheu fazer uma ovação ao genêro mais completo que há no cinema - o western. Mais além, escolhemos prestigiar Westerns que nem sempre são lembrados pelo público, e muitas vezes são menosprezados e não vistos - logo, westerns subestimados.






Introdução ao gênero western

Filme de Velho Oeste, diriam muitos. Tradicionalmente, é um gênero cinematográfico que retrata algum conflito que se passa no contexto histórico da Corrida do Ouro, da construção da ferrovia transcontinetal, da Guerra de Secessão, do extermínio dos búfalos incentivado pelo governo americano, do estabelecimento de famílias do Leste em território do Oeste, da criação de grandes fazendas, do nascimento das cidades estereotipadas do Velho Oeste, do processo de dominação do Oeste ainda selvagem, da matança de diversas tribos indígenas, da anexação em massa de territórios para o recém-nascido estado dos Estados Unidos da América . Em suma, o período de 1840 a 1890, em que o choque da cultura indígena com a cultura ocidental do Leste geram lendas, façanhas e um cenário histórico diferente de qualquer outro. O western, assim, demonstra sempre o maniqueísmo, a luta entre o 'bem' e o 'mal'. No entanto, esse maniqueísmo é superado e surgem dramas com entonação psicológica maior e mais complexas, surgem assim, os maiores expoentes do gênero.

No entanto, o western vai além dessa definição. Western é também o pintor do drama das lutas, revoluções e revoltas armadas do século XX, passados na fronteira estadosunidense com o México, como é o caso da obra maestral de Leone Quando Explode A Vingança; o western é o pintor do drama do Oeste, seja passado no século XIX e marcado por revólveres Colt Navy, seja passado no século XX e marcado por pistolas Beretta M 1951.

O Nascimento do Western


Foi em 1903, com o filme de dez minutos O Grande
Roubo de Trem, a inauguração do gênero mais antigo da história do cinema. Dirigido por Edward S. Porter, O Grande Roubo de Trem colocou no plano cinematográfico as lendas do Velho Oeste que já estavam sendo exploradas por shows e performances teatrais, contos populares sobre as desventuras de Doc Holliday e outros mitos, as estórias do novelista Zane Grey, e etc.

Os primeiros astros foram surgindo, como Tom M
ix e W.S. Hart, e o gênero floresceu. O gênero passou do âmbito das produções de dez minutos para épicos de cento e cinqüenta minutos. Era, com certeza, o melhor campo para a criação de entretenimento cinematográfico.





Tempos Áureos

O western passou a ser a maior fonte de lucros da indústria cinematográfica de Hollywood, e seus atores e diretores consagraram-se como estrelas e ícones do cinema mundial. No entanto, o gênero firmou-se como arte apenas em 1939, com o c
lássico de John Ford No Tempo Das Diligências.

E Hollywood foi palco da maestria de grande diretores, como Fritz Lang (sim, o gênio do Expressionismo alemão) com seu Frank James, Howard Hawks com seu Rio Vermelho, Fred Zinnemann com seu Matar ou Morrer, Robert Aldrich com seu Apache, John Ford com seu Rastros de Ódio, e diversos outros.



A Queda

Os tempos áureos do western hollywoodiano chegou ao fim na década de 50. O espectador estava saturado da ideologia que moldou o Oeste dos filmes e as séries e seriados tomavam o lugar da atenção que outrora era do cinema. O ritmo agitado das produções de filmes do gênero foi atenuado e novos campos mostram-se mais oportunos. No entanto, o declínio da era clássica deu ao western uma nova lufada de ar fresco.


Os Filhos do Western


Nos anos seguintes, principalmente nas décadas de 60 e 70, o western clássico produziu subgêneros em vários cantos do mundo. São variações do molde tradicional que dominava as produções até então, e colocavam novos sentidos e aspectos ao gênero - humor negro, violência gráfica, críticas sociais, transmissão de novas ide
ologias, e tudo que fosse possível. Nesse contexto, podemos destacar:

  • Western spaghetti: surgido na Itália, o subgenêro é, para muitos fãs e críticos, o melhor tipo de western já criado. Trata-se de produções menos convencionais, recheadas de violência gráfica e cenas antológicas. Como o próprio nome indica, é simplesmente a junção dos costumes norte-americanos do Velho Oeste com a produção italiana que, na maioria das vezes, dispunha de orçamentos muito menores que os de Hollywood. O nome de Sergio Leone é inevitável, assim como as atuações de Charles Bronson, Clint Eastwood, Lee Van Cleef, a direção de Tonini Valerii, Sergio Corbucci, e etc.




  • Western contemporâneo: dramas contemporâneos, mas que usam temas do western clássico - tiroteios, a luta de um anti-herói revoltado, cenários do deserto, Oeste norte-americano como plano de fundo. Comumente, o velho maniqueísmo dos westerns de Hollywood são retomados para a formação da luta entre o protagonista com a injustiça e o declínio da moral no mundo. Assim podem ser considerados a obra-prima de Sam Peckinpah Traga-me a Cabeça de Alfredo García, Três Enterros de Ang Lee, e até mesmo o ganhador do Oscar de Melhor Filme de 2007 Onde os Fracos Não Têm Vez.




  • Acid western: termo sugerido pelo crítico de cinema Jonathan Rosenbaum para falar de Dead Man, acid western é a contra-cultura dos anos 60 e 70 no gênero de faroeste. É a versão alegorizada, auto-destrutiva e imaginativa do western, usada com cunho social para a crítica, para a sátira. Nessa categoria encontram-se os filme de Monte Hellman, como The Shooting, o El Topo de Alejandro Jodorowsky, o Dead Man de Jim Jarmusch, o Greaser's Palace de Robert Downey.




Matheus S. M.


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